Monthly Archives: Abril 2019

Avengers: Endgame

Avengers: Endgame

de

Anthony Russo e Joe Russo

avengers-endgame-poster.jpg

by Disney e Marvel Studios

Épico, talvez seja a primeira palavra que me surge quando penso neste filme. E não penso tanto nessa palavra pelo filme em si próprio, mas sim pelo que este derradeiro episódio representa enquanto o culminar de uma série extraordinária de personagens e histórias criadas para ele.

Não sendo de todos os pioneiros no conceito (há muitos spinoffs anteriores, caso se encontrem esquecidos…), a Disney e a Marvel Studios conseguiram criar algo que (e vou cometer um pecado…) nem sequer a saga Star Wars alcançou. Em onze anos, vinte e dois filmes partilhando o mesmo universo criativo, sublinhe-se, é obra. É história.

Muita criatividade, muito tempo e muito dinheiro foram necessários para alcançar este momento para o cinema. É certo que o investimento brutal em guiões, guarda-roupa e worldbuilding já tinha por trás a Casa de Ideias da Marvel (e muito Stan Lee…), mas não nos esqueçamos que aplicar o conceito de universo partilhado é relativamente mais fácil (e barato…) para universos literários. Há n casos de universos partilhados na nossa cultura literária. Todavia, quando se fala de cinema os casos escasseiam…

Enfim, quanto a esta conclusão da Saga Infinity, importará debruçarmo-nos apenas sobre este episódio, tentando como é óbvio colocar um pouco de parte todo o investimento emocional dos vinte e um filmes anteriores.

Começando então pelo enredo, o mesmo ganha forma apresentando-nos uma derrota absoluta dos Vingadores. Daqui, há quem siga em frente, outos há incapazes de lidar com o inconformismo e, por fim, e com alguma sorte, temos um retorno importantíssimo servindo de centelha para vontades anteriormente apagadas (mostrando que por mais recente e minúsculo que seja nunca foi nem será um herói menor neste universo). Em seguida, começa a demanda para tentar aniquilar o apocalíptico estalar de dedos de Thanos.

Ora, não existindo nenhuma personagem nova, não posso desdizer o que já disse anteriormente acerca delas. Todos os actores que lhes dão vida comportam-se à altura da gigantesca tarefa. Merecem, no entanto, um reconhecido destaque Iron Man, Captain America, Thor e Black Widow. Os restantes, tendo os seus momentos, servem muito de muleta a este quarteto de super-heróis.

Quanto à fotografia e CGI, este filme excede-se. Vai buscar o melhor de cada filme. As cenas no espaço sideral estão óptimas, as cenas em Asgard puxam-nos ao sentimento e as cenas dos anos setenta alicerçam o final de duas personagens fundamentais.

Depois, como em todos os grandes filmes, há uma cena em que tudo se agrupa (o som, a imagem, a interpretação…) para nos convidar a correr ao lado dos protagonistas contra as trevas. É o momento emocionalmente mais forte do filme, o momento que serve de agradecimento aos incontáveis números de pessoas que acompanham esta série desde o início.

Claro que o filme tem falhas, pequenas falhas. Contudo, em nenhum momento atraiçoam a qualidade do mesmo filme e muito menos o fim deste.

Por tudo isto, e achando de todo um desperdício de tempo recomendar algo que a maioria das pessoas que gostam de filmes já querem ver, digo apenas que não existe nenhum motivo para não verem a conclusão da Saga Infinity e assistirem a um momento histórico para o cinema, quiçá apenas batido no ano 3.000!

 

 


Teu Sorriso

Num segundo, enches o mundo!
Noutro segundo, este vagabundo
Derrete e suspira, suspira profundo
Carente desse teu sorriso fecundo

Em finura e fineza, em delicadeza
E esperteza, um sorriso de princesa
Escondida lá no alto duma fortaleza,
Mas sou eu quem precisa de defesa

Desses lábios, dessas bochechas
E desses mimos e beijos que fechas
Comigo, perdoando-me umas pechas
E forçando-me a poesias lamechas!

Sun-rising-good-morning.jpg

 


Shazam!

Shazam!

de

David F. Sandberg

MV5BOGZjMTAzNDEtMjc3Yy00MjQxLTliY2ItNjJjZDg0OGY4OWZhXkEyXkFqcGdeQXVyODQxMTI4MjM@._V1_SY1000_CR0,0,674,1000_AL_.jpg

by Warner Brothers

Talvez cansado de histórias de origem, e talvez frustrado pelo facto de ver um filme dedicado ao Flash de Ezra Miller ultrapassado por um super-herói de classe C, entrei na sala de cinema reticente e com medo de assistir a uma paródia relativamente ao Superman.

Contudo, Shazam! não é nenhuma paródia. É um filme divertido, uma comédia juvenil em certas partes, e tem um título rocambolesco (Shazam!!!), mas não é nenhuma paródia.

O arco narrativo principal: a origem de Shazam é forte, remetendo-nos aos problemas oriundos da orfandade e do abandono parental. Mais tarde, entrecruza-se perfeitamente com a história de origem do vilão, que nos abre portas até para a questão de perceber em que momento uma pessoa se perde para os valores mais puros de uma sociedade (se ainda criança ou apenas na idade adulta…).

Quanto a personagens, importa sublinhar os juvenis papéis de Asher Angel (Billy Batson) e Jack Dylan Grazer (Freddy Freeman), mas nunca esquecendo os demais. Os miúdos são a alma do filme. Quanto a Zachary Levi, que interpreta Shazam, devo dizer que não partilho da opinião maioritária. Não sei se foi propositado ou não, mas, para além de não se parecer nada com o miúdo Asher Angel, acho a sua performance descontextualizada. O miúdo Billy Batson é um miúdo sorumbático, sempre à procura da sua mãe biológica, mas o entusiasmo contínuo no rosto de um Billy Batson com poderes (Shazam!!!) divide o personagem ao meio. Talvez para a frente o miúdo Billy Batson se torne mais alegre e venha a convergir com o adulto Shazam, mas por ora… meh!

Para minha surpresa também, o extraordinário Mark Strong oferece-nos um vilão com conteúdo. Tem uma origem, um desenvolvimento e, talvez, uma continuação. Custa-me que este actor nunca tenha sido sequer equacionado para nos oferecer um Lex Luthor memorável, mas pronto… ofereceu-nos Dr. Sivana, o maior inimigo de Shazam (o que também me surpreende já que pensei que Black Adam seria muito mais adequado a este filme, mas pronto…).

Quanto aos efeitos visuais, o trajo de Shazam é horrível. Fico convencido que se perdeu uma boa oportunidade para reinventar a imagem do personagem, tal como sucedeu com Wonder Woman (quando as cuecas até ao umbigo foram substituídas por uma saia de gladiadora… e a tornaram num símbolo do feminismo). Ainda que solte raios eléctricos, há demasiado spandex e falta um toque de magia arcana aos fatos. Com tantas ideias oriundas da internet, não percebo como os criativos não deram conta disto. Só faltavam as cuecas por cima das calças. Horrível…

Posto isto, temos um filme divertido, com uma história bastante forte em alguns momentos, ainda que com umas falhas que me são gritantes.


O Punhal do Soberano e A Corte dos Traidores

O Punhal do Soberano
A Corte dos Traidores
de Robin Hoob

1c4cc5f967ed4ac6b15cdbaee40181e0.jpg

by Saída de Emergência

afde43e048ac490cb46cee88f8cb27e0.jpg

by Saída de Emergência

Acabando de ler os dois tomos portugueses correspondentes ao segundo volume Royal Assassin da Trilogia dos Visionários importa realçar o seguinte:

Quanto ao enredo, pouco definido mais uma vez. Continuamos a assistir ao desenvolvimento de FitzCavalaria Visionário durante o turbilhão de acontecimentos que ocorrem no seio da Corte de um moribundo Rei Sagaz enquanto o seu herdeiro Veracidade tenta, por todos os meios e mais alguns, arranjar uma forma de combater os Salteadores dos Navios Vermelhos.

Ora, em termos de personagens, Fitz continua a ser o melhor que há para oferecer desta obra, mas a sua sensibilidade para com os animais (e a sua Manha…) apresenta-nos um lobo chamado Olhos de Noite. Subtilmente, e apenas ao alcance de grandes escritores, a Autora repete a fórmula (melhora-a até…) e aposta forte na importância das personagens não humanas. No primeiro livro, tivemos Narigudo e Ferreirinho, neste volume Olhos de Noite revelou-se o maior trunfo desta história. Desde o seu feitio lupino até ao seu modo de ver a humanidade… tudo neste lobo nos agrada, especialmente quando nos arranca gargalhadas nalguns dos momentos mais inapropriados para a vida íntima de Fitz. (Recorda-me a ligação de Eragon e Saphira de Paolini…)

Há também desenvolvimentos quanto a outras personagens secundárias, mas revelam-se pontuais e escassas perante a dimensão de Fitz e Olhos de Noite nesta obra.

Ainda assim, relevo o vilãozinho desta história. Provavelmente, muitos há que desprezam Majestoso, um príncipe tonto, caprichoso e egoísta que apenas pretende uma coisa: poder. Todavia,  este personagem, ainda que com vocação unidimensional (é apenas mau, mau e mau…) não serve para se gostar. Serve para uma importante chamada de atenção!

É que há pessoas que olham para um príncipe tonto, caprichoso e egoísta (tal como se olha para uma celebridade tonta, caprichosa e egoísta nos dias de hoje…) e não se apercebem do real perigo que os reais caprichos representam para os alicerces duma sociedade. Ora, ainda que este livro tenha sido escrito antes de eleições surpreendentes como Trump ou Bolsonaro, importa aqui, neste lugar, questionar os críticos do género fantástico (“Isso é para miúdos!” “Isso não reflecte a condição humana, logo não é grande literatura…”) acerca do que seria o mundo se todos tivéssemos lido este livro antes de algumas eleições da nossa História.