Tanto Batman como Superman dispensam apresentações. Todos sabem quem eles são, todos conhecem as suas histórias, todos sabem o que eles significam e, mais importante, todos têm uma ideia quanto ao que cada um deve ser. Por isso o cuidado de pinças com estas duas galinhas dos ovos de ouro.
Por outro lado, existe um universo criativo, e bem maior, a ser explorado:
Comecemos pelas senhoras: Wonder Woman. A princesa amazona, recentemente, e bem, filha de Zeus, Diana, para a sua ilha natal, Themyscira, e Diana Prince para o comum dos mortais, tem como lema proteger o mundo dos homens dos próprios homens. Claro que o ênfase feminista é importante, sobretudo tendo em conta lugares deste mundo em que o papel da mulher nem sequer é tido em conta na sociedade, mas serve também para mostrar a independência e a força desta personagem que não pertence a homem nenhum, nem mesmo ao seu parceiro romântico Steve Trevor. A sua arma mais conhecida é o laço da verdade, o que abre um leque de possibilidades muito vasto quanto ao tema verdade vs mentira e suas questões adjacentes. Quanto a vilões, temos o panteão grego todo, dos quais se destaca Ares, mentor de Diana; Circe, uma feiticeira; e Chetaah, uma wildcard brutal com um potencial enorme. Recentemente, gostei de ver aparecer a Grail, filha de uma amazona e de Darkseid (O vilão dos vilões no universo DC). Muito por onde escolher como se pode ver…
Já aqui falei de The Flash, o velocista escarlate que é também um polícia forense. A recente série de televisão, e sua qualidade, tem servido para fazer aumentar o número de fãs que vão conhecendo a sua história. Desconfio, no entanto, que quem se entrega a este personagem não tenha intenção de fazer dele um rapazote escanzelado (metabolismo acelerado) e engraçado. Acho que seria a melhor perspectiva para um personagem que num piscar de olhos se coloca do outro lado do mundo. Terá de ser o pico do optismo no universo cinematográfico que conta com a escuridão de Batman e o messianismo de Superman. Quanto a vilões, uns ajustes nos nomes ajudavam sobremaneira a tirar este herói do consumo nerd. Zoom em vez de Professor Zoom é um exemplo natural, mas existem mais como Captain Cold, Weather Wizard e Trickster que podem e devem ser melhor escritos.
Next: Aquaman. Confesso que a complexidade deste personagem, Arthur Curry, é tanta que dou por mim meio baralhado por vezes. O facto de ele ser meio humano e meio atlante dá-lhe poderes como a força, a resistência, o controlo da água e de alguns dos seus animais. Até aqui tudo bem. Ele é um superherói. O problema vem depois; depois da sua mãe morrer, entenda-se. Ele é também filho de uma rainha atlante, o que o leva a ser mais que um superherói. É um rei superherói. E tendo esta responsabilidade, o seu caminho terá de ser percorrido enquanto príncipe atlante com um epílogo de coroação. Caso contrário, um rei que abandona os seus deveres para com o seu povo para vir combater em nome do resto do planeta… deixa de ser verossímil. Quanto a vilões, tem o seu meio-irmão traiçoeiro, aka Ocean Master, e Black Manta, um general terrorista atlante bem como a poluição dos mares, uma constante nas suas histórias. Uma breve referência para a qualidade da sua parceira Mera, uma feiticeira atlante. Os dois juntos fazem um par real muito bom.
Logo de seguida, Cyborg. Confesso que sempre vi Victor Stone como um Teen Titan, mas acho que realmente o personagem merece um destaque ao lado dos maiores superheróis da Terra. O facto de ele ser quase máquina abre inúmeras possibilidades narrativas sobre o nosso mundo tecnológico, a barreira homem/máquina, os laços, a dependência e independência… muita coisa para contar. Claro que há ainda a questão de em futuros filmes ele servir como mentor dos Teen Titans, fazendo assim a ponte entre estes e a Justice League. Em termos de vilões, ainda há pouco a contar dado a recente emancipação do personagem, o que nunca é mau. Só uma questão de criatividade para colocar este herói na senda mítica a que está destinado.
Quanto ao mais difícil de conciliar: Green Lantern. Existem inúmeros, uns mais interessantes outros nem tanto, mas aquele que sempre esteve mais em foco será sempre Hal Jordan. O piloto destemido, o anel verde, a força de vontade inabalável, a vastidão do espaço… tudo plots para explorar bem melhor do que o último filme deste herói. Existe um universo de vilões, dos quais destaco Sinestro e Paralax, ambos capazes de fazer sucumbir mundos ao seu medo, até porque a luta constante de Hal é contra o medo. Teremos, no entanto, que ter cuidado. O poder do anel é quase ilimitado; logo, colocar este superherói junto de Superman e Wonder Woman é quase como por o exército americano e o russo junto do exército chinês. Quem lhes pode fazer frente sem que se saiba o resultado no final? É nestes termos que a mediocridade de poderes do Capitão América ou da Viúva Negra dão jeito à Marvel. A Liga de Justiça só tem fodões, como dizem no Brasil, e isso pode prejudicar as histórias.
Shazam… devo dizer que o melhor deste personagem é o seu vilão Black Adam. O facto de ele ser uma criança há décadas arrepia-me um pouco. Até os Robins já cresceram e ele continua na mesma… Não lhe acho piada nenhuma e estou expectante para ver se posso ser surpreendido ou não com este capitão marvel… Shazam, perdoem-me. Acho que talvez uma reforma de 360 graus lhe faria muito bem. É muito infantil para meu gosto, nível teletubbie mesmo…
Há muito mais personagens, mas estes são aqueles que têm estado mais em foco nos últimos tempos.
Farei um post para falar dos personagens secundários que ganharam um legado próprio e merecido ao longo dos anos.

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