Maldito o tempo com a sua rotina,
Inflamável e tóxico como gasolina,
É vida bronzeada pela creolina.
Mas lembro-me da dúvida dançarina,
O vai-não-vai que nos chacina,
O será ou não será que combina?
E aí vai, aí vai o beijo guerreiro
Como primeiro e sincero mensageiro
A desbravar a bruma do nevoeiro.
Ali, aqui e em qualquer paradeiro,
Era amor e cumpria-se o roteiro:
Dois suspiros sem roupeiro.
Porque se tornou este carinho cansativo?
Quando é que teu toque passou a abrasivo?
Vira-te para mim no leito que eu nos reavivo!
Não te posso chamar com um adjectivo
Nem comprar-te com um colar decorativo,
Só posso dizer que sem ti não sobrevivo!
Não sobrevivo e não vivo porque não respiro,
Por favor, não me respondas com um tiro
Mas também não te quedes num suspiro.
Sem palavras juro: nada ao nosso amor prefiro
Em nosso futuro e sem expirar logo me atiro
A mais um beijo que do nosso moço amor retiro.