Monthly Archives: Agosto 2018

Correr de Verdade

Forasteiro, tu, que és de fora por agora,
Tu, que vens donde só se fulmina o céu,
Não sabes o que é correr, correr, correr
Nem o que é correr para fugir de verdade
E para lá, bem para lá, do finado fôlego.

Forasteiro, tu, que não és cá de perto,
Tu, que vens lá de longe, muito longe,
Não sabes o que é correr zunindo tiros
Nem o que é correr de balas perdidas
Por entre o caos, o terror e a agonia.

Forasteiro, tu, que ainda te fartas de rir,
Tu, que desconheces o azar de aqui vir,
Não sabes o que é correr da vizinha morte
Nem sabes o que é correr para continuar
Vivendo nas ruas e ruelas destas favelas.

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PS: A tentativa lírica de cima é em honra de todas as pessoas que me são queridas e que vivem num dos países com mais recursos do mundo, mas onde impera ainda a pobreza de espírito, o crime e a fraqueza política.

Fica aqui o meu presente para vocês, meus queridos corajosos.

Que Deus não vos falhe a vós e não falhe também aos vossos queridos.


Missão Impossível: Fallout

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Missão Impossível: Fallout

De Christopher McQuarrie

Não é segredo nenhum que adoro os filmes Missão Impossível e que acho Ethan Hunt o melhor espião do mundo (muito superior a James Bond).

Claro que sei que a luta para impedir uma catástrofe mundial é já um clichê argumentativo, mas (pensando bem) não é uma missão impossível salvar o mundo? E se é uma missão impossível salvar o mundo quem o pode salvar? O Superman e a CIA ou Hunt e a IMF? Inclino-me para o segundo.

Tom Cruise, como em qualquer filme em que participe, é destaque notório e dá ao filme aquele toque de realismo doido que todos adoramos, mas Simon Pegg (alívio cómico), Rebecca Fergunson (Femme Fatale), Alec Baldwin (melhor director de sempre do IMF) e surpreendentemente Ving Rhames (velho amigo de Ethan) contribuem para o seu charme. Henry Cavill acompanha brutalmente com a sua estampa física os demais, mas Sean Harris pouco ou nada se destaca no papel que repete. Michelle Monaghan e Vanessa Kirby são elementos nostálgicos e fazem-nos recordar de filmes anteriores, o que dá uma sensação de continuidade – o que é sempre bom…

Aqui, uma palavra para algo raro na história: desenvolvimento pessoal de Ethan Hunt. O nosso espião já dormiu com algumas das mulheres mais perigosas do mundo (Alguém se consegue esquecer de Nyah?), mas a verdade é que só casou com Julia e, desde que a teve de esconder do mundo, que só Ilsa se equiparou a ela. É interessante colocarem as duas no mesmo filme e permitirem-nos que nos aproximemos mais de Ethan (ainda que ache que o esquecimento de Nyah é um pecado…)

Quanto ao ponto fraco do filme, o único para mim, é a tentativa frustrada de esconder o agente infiltrado. Ao contrário de outros filmes em que o agente infiltrado (vilão) se esconde muito bem (Jim Phelps interpretado por Jon Voight e Claire interpretada por Emmanuelle Béart no primeiro filme são os maiores destaques, mas não nos esqueçamos de Musgrave interpretado por Billy Crudup no terceiro filme da saga…) este filme denuncia demasiado cedo o seu agente infiltrado.

Finalmente, corpo a corpo, disparos, contagens de bombas nucleares, perseguições de mota, de carro e de helicóptero, escalada e montagens de cenas com as máscaras para conseguir informações ou desmascarar o vilão… Missão Impossível: Fallout tem tudo isso e muito mais.

Eu recomendo sempre.