As Parcas

A Primeira diz-me quem eu sou,
O que tenho e porque tenho de ser
Mais do que sou e ter mais, bem
Mais, do que tenho; ou talvez menos.

Porquê esconder que devia ter sido
Menos do que fui, que devia ter tido
Bem menos do que tive? Depende
Só e somente da mente que a julga.

A Segunda mostra-me que a ponta
Inicial do meu novelo não se une
Com a pontada final, não há nós
Capazes de existir não existindo

Nem elos aptos a prender alguém
À vida, por mais que os alvos dos
Doutos tentem com tudo trazer com
Uma faísca os bravos fogos de outrora.

A Terceira é apenas silêncio e silêncio,
Não é nada mais senão um espelho
Repetindo o já passado e o já feito,
Insistindo nos erros como uma louca,

Tudo porque o real, incompreendido
Mas sempre almejado, lhe é oculto e
Desconhecido; logo, não tem palavras,
Não tem conselhos, limita-se só a tentar.

As Parcas Cloto, Láquesis e Átropos