Tentou o tempo e a distância,
O erro e também a ganância,
Mas este meu Amor de infância
Tem outra força e elegância.
Este Amor é maior e desafia
Deus e deuses, a filosofia
Do próprio amor e até desafia
Línguas maldosas e sua atrofia.
E, o melhor dele, é que se espalha
Ainda por este corpo canalha
Numa chama, ardendo onde calha,
E nem calça ou saia o atrapalha.
Passion of Love, by Shabnam Zafarmand
Olá, o meu nome é Gustávinho e vivo num mundo em que a mãe Eva não foi uma grande lambona nem roubou uma maçãzinha brilhante da Árvore Sagrada (até porque devia ser gourmet e já todos sabemos que essa “comidinha gourmet” não vale um bom biscoitinho do Éden…
Mas perguntam vocês agora: e isso alterou em alguma coisa a humanidade do teu mundo? Pois claro que não mudou! Não façam perguntas tolinhas. Já basta o pai Adão que, com a idade que tem, ainda anda por aí a falar com galinhas, gansos e patinhos e a perguntar-lhes se estão contentes com o nome que ele lhes deu. Quem mudou foram vocês, não fomos nós!
Em primeiro lugar, aqui ainda não há roupinhas como aí! Só há folhinhas, folhinhas para meninos e folhinhas para meninas. E, satisfazendo desde logo a vossa pertinente e malandreca curiosidade: Sim! Os meninos mais avantajados precisam de cuidar das árvores de borracha e usar as grandes folhas borracheiras para protegerem os seus tronquinhos da bicharada. Já as meninas que saem ao pai Adão só precisam das folhinhas de amendoeira para tapar as miudezas…
Adiante, uma coisa que aqui também não é preciso é foguinho. É normal o sol brilhar e irradiar um ameno calorzinho. Quanto à chuva, as nuvenzinhas avisam que vai chover para que nós, filhos e filhas do paraíso, não precisemos de nos apressar para o abrigo. Assim não corrermos o risco de perdermos as nossas queridas folhinhas com o medo de nos molharmos. É que, apanhando uma chuvada sem foguinho, não dá para secar as folhinhas e depois é uma chatice! Temos de arranjar folhinhas novas e enquanto não as arranjamos temos de andar desnudados pelo paraíso, o que Deus Nosso Senhor, que continua a mandar aqui , não gosta nada.
Afinal de contas, Deus Nosso Senhor, depois de ver o badalhoco do pai Adão despido, a correr com o penduricalho à caça de penas de anjos, apanhou-o a dormir e tirou-lhe uma costela. Depois, vestiu-a com um par de folhas e disse-lhe:
Filhinha, vai lá ter com aquele parvalhão que eu criei às três pancadas e ensina-o a cobrir as miudezas com uma folhinha. Como bem vês, Eva, os homens não têm sentido de moda nenhum, pelo que é tua missão ensinar ao homem e seus filhos parolos a usar folhinhas nas miudezas! Mas nunca os vistas com folhinhas de macieira nem com urtigas! A primeira dá lugar à expulsão do paraíso, a segunda dá urticária…
Eu não te deixo mesmo que deixes
De querer-me e ao sol e seus feixes
Eu não te deixo mesmo que deixes
De querer-me e ao mar e seus peixes
Eu não te deixo mesmo que deixes
Não deixo, não deixo, não deixo!
Por isso, meu amor, não te queixes!
The Flash, by The CW
ASES e REIS 