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Guerra e Paz

Olhando para a Ucrânia e para tudo o que a sua guerra tem de abjecto, encontrei no YouTube dois vídeos em que soldados ucranianos usam telemóveis de soldados russos mortos em combate para ligar às respectivas esposas destes últimos e tratam de lhes revelar que os mesmos soldados russos morreram em combate. Se tiverem curiosidade por observar o referido fenómeno (os links ficam infra), podemos observar que há notoriamente dois factores que diferenciam os dois vídeos:

Num vídeo temos o respeito que um soldado ucraniano nutre pelo luto de uma viúva do seu inimigo e, em resposta, observamos o desmoronar em lágrimas da viúva que cede imediatamente ao luto. Percebe-se que há uma barricada que separa soldado ucraniano e viúva russa, mas há igualmente uma dor dos dois lados que os torna simplesmente humanos e que talvez os motive a procurar juntos algo chamado paz e pazes.

No segundo vídeo temos o desrespeito que o soldado ucraniano nutre pela dor e pelo luto da esposa de um inimigo caído e observamos imediatamente uma resposta odiosa e cheia de cólera da mesma viúva. O que dizer disto? Alguns chamar-lhe-ão uma infantilidade do soldado ucraniano, outros dirão que o soldado transformado em besta carniceira pela guerra cometeu um acto de malvadez sobre alguém que nenhuma culpa tem de amar um soldado. Eu, por exemplo, prefiro olhar para esta interacção e sublinhar que se trata de um acto que só tem uma consequência: mais ódio, mais justificação para a beligerância.

Enfim, é fácil de perceber qual o modo mais eficaz de obter a paz. Resta às chefias passar aos seus soldados o que é certo e o que é errado.

Antes de morrer em 1992, o escritor Isaac Asimov legou-nos muitos clássicos de ficção científica, dos quais se destacam inegavelmente a saga Fundação. Este homem de sangue russo e criado em Brooklyn foi alguém que olhou para o passado, presente e, especialmente, para o futuro antes de se preocupar a ensinar o seguinte:

“A espécie humana apenas se pode permitir uma guerra: a guerra contra a sua própria extinção.”